Paleo Parte 1: Fundamentos
- Matheus
- 14 de set. de 2016
- 3 min de leitura

Inaugurando os posts do Plano Paleo vou falar rapidinho sobre o embasamento científico da paleo. Um dos pilares da paleo é o próprio histórico da evolução humana: o homo sapiens está nesse planeta, anatomicamente falando, há cerca de 200 mil anos e por 190 mil anos apenas caçou e colheu. Esse período ficou conhecido como Paleolítico. Durante esse período éramos nômades e caçávamos animais muito maiores que nós, ou seja, fazíamos muito esforço e exercício. Comíamos carne de caça e peixes (e suas gorduras), frutas e vegetais, que eram encontrados e simplesmente "catados". Mas aí, cerca de 10 mil anos atrás, passamos a dominar o fogo, a agricultura e técnicas rudimentares de pecuária, começa então o período Neolítico. No Neolítico deixamos de ser nômades, pois com o advento da agricultura quando achava-se um local onde a plantação "vingava" nos estabelecíamos ali. Os grãos e cereais passaram ser a base da alimentação, pois eram fáceis de serem cultivados e estocados. Passamos a domesticar alguns animais, alimentando-os com nossos grãos e começamos a nos alimentar deles e de seus "proventos", como o leite e nossa necessidade de sair para caçar diminuiu. Sem se preocupar o tempo todo com o que comer, passamos a pensar e socializar mais. Surgem assim as primeiras vilas, as atividades culturais como música e artes, escrita, artesanato e o comércio. Do ponto de vista cultural e social, devemos muito ao Neolítico. Mas como reflexo passamos a nos mexer menos e a deixar de lado parte da alimentação baseada em carne (não confinada e alimentada só de grama) e gorduras saudáveis que nos fizeram evoluir como espécie ao longo de 190 mil anos. Comparando os dois períodos surge uma das bases científicas da paleo: fósseis datados do período paleolítico mostram características comuns: humanos mais altos, com pouca ou nenhuma incidência de cáries, cérebros maiores e ossos mais resistentes que os humanos do Neolítico, ou seja, éramos mais fortes e saudáveis no período Paleo. Outros estudos, sugerem que os primeiros indícios de humanos obesos surgiram durante o Neolítico, pois foram encontrados fósseis com quadris e caixas torácicas mais avantajados que a dos homens do período Paleo, contudo, essas sugestões enfrentam diversas críticas, pois podem ser resultado de diversos outros fatores, e não somente à obesidade. Na evolução dos estudos a respeito da Paleo, foram criados alguns paradoxos. Um deles refere-se a comparação de índios americanos (brasileiros em especial) à esquimós do norte da Europa. Já na época do descobrimento do Brasil, as cartas destinadas a Portugal referiam-se aos índios, que apesar de caçadores e coletores dominavam o cultivo de raízes como mandioca e inhame, eram relativamente gordos e barrigudos, enquanto esquimós do norte da Europa, que tinham dietas ricas em proteínas e gorduras naturais eram magros e atléticos. Cabe destacar que os períodos de comparação são os mesmos, por volta de 1500. Os estudos sobre a alimentação Paleo se intensificaram nos últimos 30 anos. Uma das maiores pesquisas a respeito do assunto foi a americana Women Health Initiative (WHI) que aconteceu em 1990, e acompanhou por nove anos 50 mil mulheres. Elas foram divididas em 2 grupos: o primeiro com uma dieta moderna, a base de carboidratos, e o segundo seguiu uma dieta Paleo, com foco em proteínas e gorduras saudáveis. O primeiro grupo não apresentou nenhuma melhora em seus exames periódicos, já o segundo obteve melhora em seu percentual de gordura corporal, redução de peso e melhora nos níveis de colesterol. Em estudo mais recente publicado na revista britânica Nutrition & Metabolism em 2009 comparou-se os efeitos da dieta Paleo para pacientes com diabetes do Tipo 2. O médico Goransson Lindeberg acompanhou 26 pacientes adultos com hábitos saudáveis por 6 meses. Divididos em 2 grupos o primeiro seguiu dieta com poucos alimentos de origem animal, muitas frutas, legumes, verduras, pães integrais, cereais e laticínios desnatados. O segundo grupo seguia uma alimentação estilo Paleo. Após três meses os grupos inverteram as dietas. Nas duas medições realizadas, a dieta Paleo resultou em maior perda de peso, diminuição do diâmetro da cintura e queda nas taxas de pressão sanguínea, colesterol e triglicérides. Percebe-se que o estilo Paleo não tem como base o achismo de um ou outro "guru" de dietas da moda. Sua base é histórica e científica. Bom, agora que já conhece um pouco o porque e como esse estilo surgiu, acompanhe nos próximos posts os alimentos e as exclusões da Paleo. Abraço! Matheus
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